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Posts Tagged ‘Rory Maclean’

QUAL O DESTINO MAIS SEDUTOR NA ATUALIDADE? Assistir a um desfile do Hussein Chalayan, na Semana de Moda de Paris ou se hospedar em um luxuoso hotel em Dubai? Se nos anos 60 a meta era chegar até a Índia; nos 70, dançar em Nova York; nos 80, virar punk em Londres; nos 90 se entregar ao hedonismo em Ibiza. E agora? Está acontecendo algo especial em Berlim? Ainda necessitamos nos deslocar no mundo físico para algum local ou as rotas iniciáticas e as grandes experiências migraram para o ciberespaço?

Em 1660, havia um rito de passagem popular entre os jovens ingleses de classe alta, que consistia em construir um itinerário de viagem e se expor a arte e a outros grupos da aristocracia européia em outros paises. Normalmente os destinos eram França, Itália, Alemanha e Holanda, essas viagens faziam parte do processo educacional dos mais ricos.
A partir de 1820, com as redes ferroviárias, esse tipo de viagem se tornou acessível para uma parcela maior da população e não somente para as classes mais abastadas.

O grande mérito dos beats/hippies, foi ainda nos anos 50/60, terem chegado a pontos distantes do planeta, onde o acesso era precário, estiveram por lá, numa fase intermediária entre os aristocratas que já viajavam normalmente em grande estilo e a onda de turismo de massa que assola o mundo hoje em dia, cujo público alvo é a classe média .
Esses desbravadores alucinados, partiram em busca do Éden, não com o intuito de colonização, mas sim de se exporem a outros estilos de vida, estabelecendo uma nova ordem de valores e ao encontro de um possível “eu interior”. Coincidentemente, as rotas escolhidas, como a que ligava Londres a Índia, passando pela Turquia, Irã, Afeganistão, Paquistão, também era a tragetória do haxixe, opium e heroína, podendo ser percorrida em outro estado de consciência (uma viagem dentro da viagem).

Não faço parte da turma que já nasceu com internet e outras tecnologias, onde a influência visual deve ser ainda maior, mas durante anos fui constantemente exposto a uma série de imagens através da TV, cinema, revistas e livros. O resultado foi que quando vi pela primeira vez o quadro de Picasso, Guernica, em Madri; fiquei muito mais impressionado com uma pequena escultura de Ives Klein, cujo azul sempre ouvira falar, mas nunca havia entrado em contato. Claro que hoje em dia o impacto de Ives é bem menor, encontramos diluições de seu trabalho em qualquer loja de design prêt-à-porter e o mundo da moda tratou de popularizar esse “azul bic”, ainda mais. Mas fico imaginando a surpresa dessa cor em 1950!
O que quero dizer com tudo isso, é que a reprodução e o bombardeio de imagens, agora em alta definição, tira a magia do original, é como se já estivéssemos extremamente familiarizados com uma obra ou local ou como se esses originais, já não tivessem tanto brilho. Sem falar que a globalização deixou boa parte parte do planeta muito previsível.

Voltando as rotas hippies, antes reservadas a poucos, agora, passaram a ser comercializadas e fazem parte do turismo de massa. Você pode comprar um itinerário de ônibus da Inglaterra até a Austrália através da OZBUS.

Ainda necessitamos nos deslocar no mundo físico para algum local para provocar alguma mudança em nossa consciência ou as rotas iniciáticas se encontram no ciberespaço?

O escritor americano Paul Theroux, registrou sua saga sobre trilhos no livro O Grande Bazar Ferroviário (1975), indo da Inglaterra até o Japão, por meio do Expresso do Oriente e de volta para a Europa com o Expresso Transiberiano, percorrendo parte da Hippie Trail.
Apesar de estar na minha lista de leituras, só conheço o livro de Magic Bus, de Rory Maclean, através do site. Esse jornalista canadense, que vive em Londres, refez a Hippie Trail após o 11 de Setembro e relata o que ocorreu nesse território cheio de conflitos religiosos e políticos e ainda nos brinda com a oportunidade percorrer a trilha através do Flickr. Ele convidou várias pessoas que fizeram a viagem para postarem suas fotos lá. As primeiras imagens estão um pouco misturadas, mas tem material desde os anos 70 até hoje, dando uma boa noção do caminho. Siga os passos:

http://www.flickr.com/groups/hippietrail/
Selecione : Group Photo Pool (see all 327 items) e na sequencia opte por Slideshow.

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Pushkar – Rajastão, by Kamahlfilm

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No meio dos anos 90, as pessoas começaram a se mandar para lugares exóticos do mundo, num possível resgate das grandes rotas hippies dos anos 60. Via nos DJs, que rodavam o globo terrestre tocando em raves ou clubes urbanos, a mesma atitude que Claude Debussy teve no século XIX, incorporando rítmos de partes remotas do planeta ao seu repertório. Além dos pintores impressionistas, a música oriental (javanesa, chinesa e anamita) deixou o compositor profundamente impressionado, por ocasião da exposição Universal de 1889, em Paris.

Tenho pensado sobre a nova geografia mundial e as rotas hippies, que partiam da Europa, cruzavam a Turquia, Irã, Afeganistão…, e o destino final era a Índia. Olhando ao redor, percebemos como o mundo se transformou desde então, seja pelas guerras, pelos valores morais, deslocamento dos polos culturais e principalmente pela tecnologia. É sobre isso que gostaria de escrever nos próximos dias, assim que tiver um tempo! Ainda não li o livro de Rory Maclean – The Magic Bus, onde ele refaz essa rota; vou tentar dar uma olhada.

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